10 de jul. de 2009

Goteiras e rachaduras nos túneis da Imigrantes

Fonte:
Jornal da Tarde
10/7/2009


Goteiras, infiltrações por meio de fissuras e poças dágua são comuns nos três túneis da pista descendente da Rodovia dos Imigrantes, inaugurada em 2002, que liga a capital à Baixada Santista. O problema levou a Ecovias - concessionária responsável pela administração do Sistema Anchieta/Imigrantes - a colocar em teste um “telhado antigoteira”.
A cobertura é feita com telhas de alumínio leve, pintadas de branco, e reveste 500 metros de extensão do primeiro dos túneis da pista mais nova da rodovia. O revestimento no teto desvia a água que se infiltra na parede para drenos nas laterais da pista, evitando que o asfalto fique molhado e comprometa a segurança do motorista. O custo é de R$ 650 mil. Revelados em 2005, os problemas não representam ameaça à estrutura dos túneis, segundo a concessionária e engenheiros especializados nesse tipo de obra.

Mas, dizem os profissionais especializados, a constância dessas infiltrações pode afetar a segurança dos usuários da pista.

Dos sete acidentes com mortes registrados nos túneis da nova Imigrantes desde o início de operação, em 17 de dezembro de 2002, quatro ocorreram em 2008. A circulação de caminhões e ônibus é proibida. A empresa concessionária, cuja tarifa de pedágio, de R$ 17,80, é a mais cara do Estado, considera baixo o número de ocorrências com mortos em seis anos e meio de funcionamento da pista.

Em teste desde o final do ano passado, a cobertura deve ser instalada em outros pontos considerados críticos pela concessionária. Isso só deve ocorrer em 2010, após um ano de avaliação do revestimento, testado com o aval da Agência Reguladora dos Transportes do Estado de São Paulo (Artesp).

“A telha é permanente. Se quiser passar por uma inspeção, dá para ser retirada e recolocada sem nenhum problema. É um protótipo utilizado na Itália e no Chile também. No orçamento do próximo ano, vamos colocar (a previsão das telhas). A ideia é fazer outras intervenções em lugares onde está pingando água”, diz Pietro Bettaglio, gerente de engenharia da Ecovias. “Não é problema estrutural. A obra foi feita para conviver com isso.” A Ecovias diz que a localização da pista - no meio do maciço rochoso, com forte pressão de água da serra - contribui para os problemas, decorrentes do entupimento da drenagem.

A Artesp disse que “o gotejamento observado pelos usuários está sob controle e algumas intervenções foram executadas para que o fluxo da água não alcance as pistas”.

OBRA ECOLÓGICA


O projeto de engenharia da pista da Imigrantes foi considerado uma obra singular no País

A obra foi chamada de ecologicamente correta: os túneis extensos permitiram apenas sete pontos de interferência na vegetação de Mata Atlântica

Foram afetados apenas 40 hectares, contra 1.600 hectares da primeira pista da Imigrantes, construída nos anos 1970

Por dia, a drenagem faz a captação de 100 mil litros de água, reconduzidos ao meio ambiente

Flávio Benatti fala sobre a queda do diesel no jornal O Tempo, de Minas Gerais

Fonte:
O Tempo/MG
10/7/2009


A propagada redução de 9,6% no preço do óleo diesel, anunciada pela Petrobras, ainda não refletiu na ponta do consumo. Levantamento da Associação Nacional de Transportadores de Cargas (NTC&Logística) mostra que de 31 de maio a quatro de julho, a queda nos valores cobrados pelos postos do país foi de 4,7%.

Com isso, representantes do setor de transporte de cargas alegam que esse percentual é insuficiente para uma redução no preço do frete rodoviário. O presidente da NTC&Logística, Flávio Benatti, afirmou que mesmo com essa queda anunciada pela Petrobras ocorreu aumento de outros índices que compõem o preço do frete, como, por exemplo, reajuste em maio na folha de salário. "O setor apresentou em maio uma necessidade de reposição de 7,6% e isso não foi feito. Além do custo do combustível, todos os produtos que compõem o frete tiveram reajuste", afirmou Benatti.


O dirigente ressaltou que essa redução no preço para as refinarias não ocorria há muito tempo. "Mas, a queda no preço não foi real. Não compramos o diesel no valor previsto pela Petrobras. Esse percentual de 9,6% é somente discurso", disse.


Um levantamento realizado pelo Minaspetro, sindicato que congrega os revendedores de Minas Gerais, apontou que mesmo na refinaria da Petrobras a queda no preço do diesel chegou a 8,08%. Em distribuidoras sem bandeira a redução foi de 7,26%. "É importante ressaltar que as distribuidoras repassam o percentual que elas julgam ideal, por isso, o preço na ponta do consumo não é o alardeado pelo governo", afirmou o presidente do Minaspetro, Sérgio de Mattos.


Os representantes dos transportadores ressaltam, no entanto, que a redução, por menor que seja, será incorporada no custo do transporte no país. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Transporte de Cargas, Nilton Gibson, as transportadoras terão uma queda nas despesas em torno de 2,18% numa viagem de até 500 quilômetros. No transporte de carga fracionada esse percentual cai para 0,76%. "Isso ainda é pouco se comparado ao aumento dos custos que observamos nos últimos anos", afirmou Gibson.


Mais caro


Mistura. Com a adição de mais 1% de biodiesel na composição do diesel mineral, o preço do litro do combustível poderá ficar até R$ 0,02 mais caro nas bombas das revendas brasileiras.

7 de jul. de 2009

Alfândega facilita trânsito de cargas no Porto de Paranaguá

Fonte:
Agência Estadual de Notícias do Paraná
7/7/2009


O transporte de contêineres na zona primária do Porto de Paranaguá está mais ágil, desde o fim de junho, após a criação da Declaração de Trânsito Aduaneiro (DTA) Simplificada. O novo instrumento é uma proposta da Alfândega de Paranaguá e prevê a simplificação do trânsito de cargas na área de cais, com a dispensa de algumas etapas antes exigidas nas operações entre armazéns da zona primária, sob jurisdição da Receita Federal de Paranaguá, onde são depositados os contêineres. A ideia partiu da própria Alfândega, depois de verificar o excesso de procedimentos legais para uma operação considerada simples.

As alterações implementadas pela Alfândega de Paranaguá, previstas na Portaria n.º 54, beneficiarão os terminais portuários alfandegados localizados na zona primária (área que compreende a faixa interna do porto, onde são efetuadas operações de carga e descarga de mercadorias, sob controle aduaneiro, procedentes ou destinadas ao exterior).


Na prática, as operações com carga conteinerizada ficarão mais ágeis, diminuindo a burocracia e, consequentemente, os custos para os importadores. “Queremos desafogar um sistema que estava com excesso de burocracia e que, por isso, poderia afugentar clientes. Com a simplificação, melhoramos o tempo do despacho, agilizamos o transporte na área primária, sem eliminar a fiscalização. Com a portaria, atendemos uma de nossas missões que é agilizar os procedimentos e contribuir para o fluxo de cargas”, disse o inspetor-chefe da Alfândega em Paranaguá, Arthur Cazella.


A partir de agora, além de cumprir menos etapas no despacho aduaneiro, os recintos receberão os contêineres apenas com o lacre de origem, sem a necessidade de um novo lacre da Receita Federal. Para casos em que o contêiner deixa a zona primária, os procedimentos permanecem os mesmos.


“Acredito que haverá mais agilidade na transferência de cargas na área primária, sem danos à segurança ou à qualidade das operações. Sem essa burocracia, o tempo de espera dos caminhões para receber os contêineres e deixar o terminal será menor, sem a formação de filas nos portões de entrada”, disse o gerente de operações do Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP), Rafael Batista de Oliveira Netto.


A proposta de criar uma alternativa mais ágil para o trânsito de caminhões com contêineres na área primária do Porto de Paranaguá, segundo o auditor-fiscal e assistente da Alfândega, Fernando Sottomaior, está amparada no regulamento aduaneiro e foi aplicada em Paranaguá em função das características do porto. “Ouvimos alguns usuários e verificamos que a lei permitiria tais modificações. Cabe a nós, que temos a visão da lei, encontrar essas possibilidades de ajustes conforme a demanda e as necessidades dos usuários”, afirmou.


Vantagens - o novo procedimento pode, também, beneficiar terminais portuários que estiverem com sua capacidade esgotada e, por isso, impedidos de receber mais cargas. Segundo a Receita Federal, a nova portaria dá mais flexibilidade às operações que antecedem o despacho aduaneiro propriamente dito, permitindo que a carga possa ser transferida para um terminal vizinho localizado na área primária, conforme os critérios dos terminais e dos importadores.


“Com a DTA Simplificada não há praticamente o uso de documentos impressos, porque todo o trâmite é feito eletronicamente no sistema Siscomex-Trânsito. O único papel é a guia que o motorista leva no caminhão. Não tem carimbos nem a intervenção manual da Receita Federal”, explicou Sottomaior.

Minas Gerais: Dnit promete reativar 28 radares em duas semanas

Fonte:
O Tempo
7/7/2009


Depois de um ano e nove meses com os dez redutores eletrônicos de velocidade (REV) desligados, o Anel Rodoviário finalmente vai ter os equipamentos reativados.
A promessa feita pela administração central do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) é religar os radares em 15 dias. O compromisso ainda contempla a reativação de dois aparelhos no Viaduto das Almas, três na BR-356 - próximo à curva do Ponteio e o BH Shopping - e outros 13 na BR-381 - entre Belo Horizonte e Coronel Fabriciano, dos quilômetros 143 e 458.

O órgão informou que a medida, em caráter emergencial, está sendo colocada em prática para atender à demanda judicial interposta pelo Ministério Público Federal (MPF). Em outubro do ano passado, o MPF entrou com uma ação civil pública pedindo a ativação de todos os radares desligados em Minas.

Em março, o juiz da 20ª Vara Federal de Belo Horizonte concedeu liminar ajuizada pelo MPF determinando que o Dnit instale o mínimo de dez radares no Anel Rodoviário de Belo Horizonte, como também as placas que anunciam a presença dos equipamentos.

O Dnit alegou que está concluindo os trâmites burocráticos para a ativação dos REVs e que, em duas semanas, serão iniciados os trabalhos de campo nas rodovias. De acordo com o órgão federal, os locais vão ser preparados para o religamento, com técnicos realizando os trabalhos de aferição e testes. A diretoria do Dnit despachou ontem um documento para a Polícia Rodoviária Federal (PRF) solicitando a possibilidade de operação com uso de radares estáticos no segmento da BR-381 entre Belo Horizonte e o Vale do Aço.

Ficou na promessa. A promessa do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, de religar 35 radares na BR-381 não foi comentada pelo Dnit. O prazo venceu em junho e nada foi feito para avançar nas ações de segurança. A superintendência em Minas se limitou a realizar um projeto definindo os 17 pontos que deveriam receber os equipamentos.

De acordo com a assessoria do órgão, os 28 radares que serão religados só estão sendo reativados por ser uma determinação judicial, o que não seria possível fazer com os 35 prometidos pelo ministro dos Transportes.

A licitação bilionária que promete ativar os radares em todo o país, incluindo Minas, continua como sempre esteve: emperrada. Em 21 de maio passado, foi realizada uma audiência pública antes do lançamento do edital para a escolha das empresas que iriam concorrer ao serviço. O Dnit afirma que não há previsão para a finalização do processo.

Polícia comemora religamento

Quem fiscaliza o Anel Rodoviário também tem motivos para comemorar a volta de uma maior segurança na rodovia. Depois de testemunharem um aumento de 19% no número de acidentes entre 2007e 2008, o comando do policiamento da via espera finalmente reduzir o número de tragédias com o religamento dos radares.

“Vejo isso com enorme satisfação. Vamos ver imediatamente uma diminuição da velocidade no Anel. Serão dez pontos cobertos que vão me permitir usar o radar móvel em outros pontos da rodovia”, afirmou o comandante do policiamento do Anel Rodoviário, tenente Geraldo Donizete.

A utilização do único radar disponível para fiscalizar os 26 km da rodovia já se tornou, na prática, uma arma eficaz para conter os abusos. A estreia do equipamento em novembro do ano passado baixou os números sensivelmente, levando em consideração o aumento da frota. “Nos primeiros seis meses deste ano, tivemos menos acidentes em relação ao ano passado e uma morte a menos”, informou o tenente.

Embora a tendência demonstre queda, com 1.199 acidentes até junho de 2009 contra 1.223 no mesmo período do ano passado, o Anel Rodoviário é campeão entre as rodovias de Minas com altos índices de ocorrências.

A média de mortes sempre fecha na casa das 30 vítimas fatais por ano. Em 2009 a tendência ainda não apontou mudança: o primeiro semestre já fechou com pelo menos 15 óbitos

Odebrecht faz acordo com CSN para construir trecho da Transnordestina

Fonte:
Valor Econômico
7/7/2009


A Transnordestina Logística, controlada pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), assinou com o grupo Odebrecht um memorando de entendimento para as obras de construção do trecho de 522 km que vai de Suape a Salgueiro, em Pernambuco, da ferrovia Transnordestina.

O valor do contrato, de acordo com Tufi Daher Filho, presidente da Transnordestina Logística, é de cerca de R$ 1 bilhão e prevê a formação de consórcio com outras empresas. A expectativa é que o contrato seja assinado até o fim deste mês.


Ontem, o executivo participou de uma reunião organizada pelo governo pernambucano com os prefeitos das 34 cidades por onde a ferrovia passará, além de membros do poder judiciário e cartorários.


Durante as quatro horas do evento, o objetivo do governador Eduardo Campos (PSB) foi apresentar a obra e pedir aos prefeitos e à Justiça colaboração nas mais de 1.400 desapropriações de terra que estão em curso no Estado. Pernambuco se comprometeu a fazer todo esse processo até o dia 17 de agosto. "Quis mostrar o tamanho do desafio que temos há pela frente". No início de agosto, Campos, os prefeitos e os juízes voltam a se reunir para detalhar os avanços alcançados.


Em meados de junho, a Transnordestina apresentou ao Ministério da Casa Civil, comandado por Dilma Rousseff, um plano para acelerar as obras dos 1.728 km da ferrovia, com a meta de colocá-la em operação no fim de 2010. Hoje, os maiores desafios enfrentados são a falta de licença ambiental e de desapropriações.


A ministra Dilma tem acompanhado e cobrado de membros do governo e da própria CSN, controladora do empreendimento, agilização para a obra, que, inicialmente, estava prevista para ser concluída em 2010. Além dos problemas mencionados, a ferrovia enfrentou atrasos na liberação de recursos do Fundo de Investimento do Nordeste (Finor) - R$ 823 milhões - e do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste, responsável pela parcela de R$ 2,6 bilhões. O Banco do Nordeste do Brasil e o BNDES também são financiadores do projeto, orçado em R$ 5,4 bilhões.


Por: Carolina Mandl

Área tem estacionamento de caminhões

Fonte:
A Tribuna
7/7/2009


O estacionamento de carretas para os terminais da Ageo e da Copape entrará em operação ainda neste mês. Aproximadamente 80% das obras estão prontas.
O pátio terá capacidade para atender em torno de 120 caminhões, resolvendo um dos principais problemas das empresas que atuam na Ilha Barnabé.

Recentemente, o conjunto de terminais enfrentou congestionamentos, que se estenderam até a estrada de acesso à ilha, por conta de atrasos nos navios, que impediram o esvaziamento dos tanques para posterior abastecimento com as cargas dos caminhões.

O estacionamento está sendo erguido nos terrenos das empresas atrás do morro existente na ilha. "Optamos por não utilizarmos parte da nossa área de expansão dos terminais para fazer esse estacionamento, porque entendemos que precisamos ter a melhor logística também", afirmou o diretor-presidente da Ageo/Copape, Maurício Leibovitz.

A construção faz parte dos R$ 50 milhões em investimentos para os desvios ferroviários aos dois terminais.

6 de jul. de 2009

Trecho sul do Rodoanel vai beneficiar a CCR

Fonte:
Portal Exame
6/7/2009


A companhia de concessões CCR está na briga para arrematar no leilão o direto de administrar o trecho sul do Rodoanel, que tem a maior parte das obras já concluídas e deve ficar pronto ainda em 2009. Porém, mesmo perdendo o negócio, a empresa já deve sair beneficiada, na visão da Link Investimentos.
A perspectiva é de que a inauguração da obra faça com que mais de 400 mil veículos migrem da Marginal Pinheiros e da Bandeirantes. Como consequência, o tráfego do trecho oeste, já controlado pela CCR, pode crescer em até 40%.

Por isso, a corretora indica a companhia como a dona de maiores ganhos de sinergias com o projeto. Quanto ao leilão, as apostas são de que a CCR dê um lance agressivo para construir e operar as praças de cobrança de pedágio no complexo rodoviário.

Por ora, a companhia trabalha no financiamento de longo prazo do Rodoanel, sem descartar a possibilidade de novas aquisições.

Para a Link, os papéis da CCR são uma das opções mais interessantes do setor, mas por já estarem bem precificados, o destaque fica com a concorrente ALL, que possui maior potencial de crescimento.

Nesta sessão, as ações da CCR (CCRO3) subiam 2,94%, negociadas a 31,91 reais às 14h34. Ao mesmo tempo, o Ibovespa, principal índice de referência para a bolsa brasileira, caía 0,10%.

Apagão logístico ameaça reação no pós-crise

Fonte:
Folha de S. Paulo
6/7/2009


Os problemas de infraestrutura de transporte para o escoamento da produção agrícola brasileira voltarão assim que a economia mundial retomar o crescimento econômico, o que deve ocorrer em até dois anos.
Segundo representantes do agronegócio nacional, setor que trouxe para o Brasil US$ 71,8 bilhões em divisas de exportação em 2008, não há investimentos ou organização capazes de adequar a infraestrutura em tão pouco tempo.

Essa é a conclusão de encontro promovido pela Abag (Associação Brasileira de Agribusiness) com produtores, transportadores e exportadores.

"Infelizmente, ainda não estamos preparados para a retomada econômica. Nos portos, o Brasil perdeu uma grande chance. Enquanto os bancos batiam à porta de todo o mundo, ficamos discutindo o marco regulatório", diz José Balau, diretor de operações da Aliança Navegação, empresa controlada pela Hamburg Süd.

A companhia, dona de 20% do frete marítimo no Brasil, diz que, como consequência, o Brasil perde por ano US$ 300 milhões só com problemas operacionais em portos. Isso não inclui as perdas no transporte da produção entre o interior do país e o litoral. Mas apenas esse valor equivale, segundo a empresa, a jogar fora um terminal médio de contêineres por ano.

De acordo com Balau, a dragagem dos canais de navegação nos principais portos brasileiros é a única providência que parece evoluir no momento. A construção de grandes áreas para a movimentação de contêineres, o que tornaria a operação mais eficiente, não ocorreu, e os poucos projetos para novos terminais só ficarão prontos em cinco ou dez anos.

"A experiência mostra que um terminal de contêineres demora dez anos para operar. Apenas os ajustes ambientais tomam três anos. A recuperação econômica, que vai gerar demanda de transporte, ocorrerá bem antes disso", afirma.

Desafio

Números da Anut (Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Cargas) indicam que previsões tímidas de crescimento de 2% do PIB brasileiro até 2023 -horizonte do PNLT (Plano Nacional de Logística e Transporte)- vão ampliar para 420 milhões de toneladas o total de cargas geradas pelo agronegócio brasileiro. A infraestrutura disponível atualmente tem de dar conta de 308 milhões de toneladas.

Esses volumes gerados pelo campo podem alcançar os 545 milhões de toneladas até 2023 se o país crescer ao ritmo de 4% ao ano. Para Paulo Manoel Protasio, presidente da Anut, não há hoje nenhuma coordenação do governo que seja suficiente para dar conta desse desafio. "Não vejo orquestração no momento. O PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] promoveu mudanças enormes, mas não consegue vencer o crônico problema de gestão", diz.

O investimento para ajustar a infraestrutura à demanda do agronegócio, de acordo com a Anut, seria de R$ 82 bilhões até 2023. A conclusão do trabalho é que, se todo o PAC fosse executado, ainda faltariam R$ 45 bilhões para o cumprimento do PNLT, o mesmo que pretende pôr fim à hegemonia do transporte rodoviário.

Ambiente

Em entrevista à Folha, Luiz Antônio Pagot, diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), diz que as exigências atuais do Ibama para licenciamento de obras em estradas são "absurdas". À frente do órgão responsável pela execução de 579 contratos do PAC, conta que os funcionários da agência ambiental operam sob "motivações ideológicas" e que deliberadamente "impedem a implantação da infraestrutura".

Depois de 14 contratos perdidos devido à demora no licenciamento, Pagot diz que apenas R$ 3 bilhões dos R$ 8,6 bilhões disponíveis para investimentos neste ano estão em execução. A exemplo dos anos anteriores, a tendência, afirma, é que sobrem recursos -ironia para o setor, acostumado a investimentos ínfimos.

O presidente do Ibama, Roberto Messias, rebateu as críticas do colega de governo. Segundo Messias, assim como o Dnit, a agência ambiental também tem responsabilidades sobre os projetos. Ele disse que as "exigências absurdas", conforme classificadas pelo Dnit, são em realidade precauções tomadas pelo Ibama.

"O Ibama é cuidadoso, e isso é interpretado como exagero. Pode até ser que haja o que simplificar. Estamos fazendo um esforço hercúleo para essa simplificação", diz. Ele afirma que em 2009 serão 500 empreendimentos licenciados. Em 2003, foram 100.

Sobre as exigências em projetos antigos, Messias afirma: "Toda a malha rodoviária do país é de outro tempo. Agora, quando se começa a refazer essas obras, precisamos tomar os cuidados ambientais ignorados no passado".

Investimentos têm de crescer 51%, diz Abdib

Fonte:
O Estado de S. Paulo
6/7/2009
O Brasil terá de investir R$ 160,9 bilhões por ano para melhorar os serviços de infraestrutura e garantir um crescimento econômico sustentável nos próximos cinco anos. O valor é 51% superior aos R$ 106,8 bilhões aplicados em 2008, segundo cálculos da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) - foi a primeira vez, desde o milagre econômico, que o País conseguiu atingir a meta de investimento para buscar a universalização dos serviços do setor.
A necessidade de recursos para os próximos anos aumentou especialmente por causa das descobertas do pré-sal, diz o presidente da Abdib, Paulo Godoy. O estudo da entidade mostra que o setor de petróleo e gás exigirá recursos de R$ 75,3 bilhões por ano nos próximos cinco anos. Isso inclui, além de exploração e refinaria, as redes de distribuição de gás natural, entre outras obras.

Mas os outros setores da infraestrutura também tiveram as necessidades ampliadas. O setor de energia elétrica, por exemplo, precisará de R$ 28,3 bilhões por ano; transporte e logística, R$ 24,1 bilhões; saneamento, R$ 13,5 bilhões; e telecomunicações, R$ 19,7 bilhões.

Os cálculos da Abdib foram baseados no Plano Decenal de Energia Elétrica (2008-2017), Plano Nacional de Transporte e Logística (2008-2023), Plano de Negócios da Petrobrás (2009-2013) e no Estudo de Universalização dos Serviços de Abastecimento de Água e de Coleta de Esgoto Sanitário no Brasil (2003).

Em alguns casos, o aumento da necessidade de investimento deve-se ao fato de o País não ter conseguido tirar do papel projetos importantes no passado, o que provocou defasagem na ampliação e qualidade dos serviços. "Temos de investir um montante mínimo por ano e tudo aquilo que o País deixar de fazer em determinado período aumenta exponencialmente os recursos que precisam ser aplicados no futuro", diz Godoy.

É o caso do saneamento básico. Embora o governo tenha conseguido aprovar o marco regulatório do País, os investimentos não andaram na velocidade desejada. Um dos motivos foi a falta de projetos executivos para conseguir os financiamentos oferecidos pelo Estado. "É claro que percebemos uma melhora, mas temos muito a fazer se quisermos universalizar os serviços de tratamento de água e esgoto no Brasil", diz o diretor da EcoHab, Newton Azevedo.

Isso ocorre também com o setor rodoviário e ferroviário. Nos últimos anos, os governos federais e estaduais fizeram uma série de licitações para conceder trechos à iniciativa privada. "Mas o País tem potencial para ter quatro vezes mais ferrovias e estradas em melhores condições que as que temos."

Desde 2003, os recursos públicos e privados investidos em infraestrutura têm apresentado trajetória crescente. Saíram de R$ 55,8 bilhões para R$ 106,8 bilhões. Apesar disso, apenas no ano passado o setor conseguiu investir o necessário para melhorar os níveis dos serviços.

Neste ano, entretanto, os esforços terão de ser redobrados. Além da necessidade de investimentos ter aumentado, o cenário de crédito está mais apertado. "A coisa mais importante agora é conseguir equacionar a concessão de empréstimos e financiamentos", diz Godoy. Segundo ele, uma parte significativa dos investimentos que serão feitos no próximo ano dependerá do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). De janeiro a abril, a instituição aprovou R$ 15,5 bilhões para o setor. Em 12 meses, foram R$ 49,1 bilhões.

Esses valores incluem financiamentos concedidos também para a Petrobrás. Com a dificuldade de crédito no mercado mundial, a estatal contará com os recursos do BNDES para tirar boa parte de seus projetos do papel.

Nesse caso, no entanto, além das questões de crédito, o andamento dos investimentos também dependerá de questões políticas, afirma o diretor da Câmara Brasileira de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires. Outro fator é resolver questões ligadas ao Tribunal de Contas da União (TCU), que suspendeu, por exemplo, as obras da Refinaria Abreu Lima por suspeita de superfaturamento.

Para Pires, ao contrário do que parece, os investimentos da Petrobrás sempre extrapolam os cronogramas estabelecidos. "A empresa fala muito do futuro e pouco do presente. Se você pegar as metas de produção de petróleo e gás, elas não foram cumpridas na data prevista."

No setor rodoviário, os investimentos também deverão sofrer alguns atrasos. A terceira etapa de concessões de rodovias federais, por exemplo, só deverá sair do papel no ano que vem, ao contrário da expectativa inicial do Ministério dos Transportes de fazer a licitação este ano. Os documentos ainda estão sendo analisados pelo TCU e a expectativa de lançamento do edital é apenas para novembro. O leilão deverá conceder as rodovias BR-040, BR-116 e BR-381, em Minas Gerais.

NÚMEROS

R$ 75,3 bilhões

É a necessidade de investimentos por ano na área de petróleo e gás nos próximos cinco anos, principalmente por causa das descobertas no pré-sal

R$ 28,3 bilhões

É a necessidade de aportes em infraestrutura na área de energia elétrica

R$ 24,1 bilhões

É a necessidade prevista de investimentos em transporte e logística