23 de jul. de 2009

Com um ano de Lei Seca, acidentes caem e noites cariocas ficam mais curtas

Queda no movimento leva bares e restaurantes a fechar mais cedo.
Carioca busca saídas criativas e uso do táxi cresce até 10%.


Daniella Clark Do G1, no Rio


Um ano após virar lei, a tolerância zero ao álcool no trânsito vem reduzindo o número de acidentes nas ruas do Rio e causando ainda outro efeito colateral: a noite dos cariocas está mais curta. Para driblar a queda no movimento, que chega a 20%, muitos passaram a fechar as portas mais cedo.

“O fato que chama a nossa atenção é que as casas passaram a fechar mais cedo. Em Vila Isabel, por exemplo, estabelecimentos que fechavam 3h, 4h, estão fechando 1h”, conta Alexandre Sampaio, presidente do Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio.

É o caso do Lamas, antigo reduto da boemia na Zona Sul do Rio: em vez de 3h ou 4h, a saideira ali agora é a 1h da madrugada nos dias de semana, e às 2h de sexta a domingo.

“O movimento caiu e com isso a gente está fechando mais cedo. Antes vendíamos seis barris de chope e hoje vendemos quatro”, conta Milton Brito, um dos sócios, que por outro lado viu seu serviço de entrega a domicílio crescer 30%.


Na Lapa, Centro do Rio, o tradicional Nova Capela, que antes era o ponto de encontro dos amantes do chope até as 5h, agora fecha por volta das 3h e amarga queda de 20% no consumo de bebidas. “A pessoa vai de táxi e gasta menos com o chope”, teoriza Francisco Soares, um dos sócios da casa.

Queda no consumo já foi maior

Segundo Alexandre Sampaio, esse toque de recolher informal da boemia é uma das formas que os estabelecimentos encontraram para absorver a mudança não só da legislação, mas do comportamento do carioca, que, com o aumento da fiscalização, passou a ter mais cuidado com a combinação "álcool e volante".


Ampliar Foto Foto: Reprodução/Arquivo pessoal Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
Karime (à direita), ao lado das amigas Ana Carolina Feijó (à esquerda) e Daiane Brasil (no centro): quem é eleito o motorista da turma não bebe e tem a conta bancada pelos demais (Foto: Reprodução/Arquivo pessoal)

Sampaio conta que a queda no movimento já foi maior – chegou a 40% logo no início de vigência da lei. Hoje estacionou entre 10% e 12% nos restaurantes e entre 13% a 15% nos bares.


“Iniciativas como convênios com cooperativas de táxi e amigos que se revezam para dirigir ao sair ajudaram a reduzir o impacto”, explica.


Bares investem em promoções

Mesmo após um ano da lei, a promoção ainda é a alma do negócio. No bar Espírito do Chopp, na Cobal do Humaitá, Zona Sul do Rio, uma parceria com empresas de táxi dá descontos aos clientes que consumem bebidas alcoólicas. O mesmo ocorre na Baixada Fluminense, onde a cooperativa Meriti Rádio Táxi, localizada num shopping da região, oferece um desconto de 10% para os clientes que consumirem bebidas alcoólicas.


Já no Joe & Leos do Fashion Mall, em São Conrado, Zona Sul do Rio, o amigo eleito para dirigir num grupo de quatro pessoas ganha um bônus para voltar ao estabelecimento, a partir de um determinado valor da conta.


“É uma oportunidade boa para quem fizer o papel de motorista dos amigos. É uma espécie de prêmio e incentivo por não consumir nenhum drinque durante a noite”, diz a gerente Fabiana Ramos.

Prazo para aderir ao "Refis da crise" vai de 17 de agosto a 30 de novembro

Fonte:
O Estado de S. Paulo
23/7/2009


Os devedores da União terão mais uma chance de regularizar a sua situação. De 17 de agosto a 30 de novembro, pessoas físicas e jurídicas podem entrar no site da Receita Federal e da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e aderir ao novo programa de parcelamento, instituído na Lei 11.941, de maio. O programa é considerado o mais benevolente com o devedor dos que foram lançados nos últimos anos e já foi apelidado de "Refis da crise".

O débito poderá ser parcelado em até 180 meses, com redução de juros, multas e encargos sociais. Só não podem participar as empresas optantes pelo Simples Nacional (sistema simplificado de recolhimento de impostos para micro e pequenas empresas). O contribuinte que já aderiu a outros programas (Refis, Paes ou Paex) poderá fazer a migração para as novas condições. Mas o coordenador-geral de Arrecadação e Cobrança da Receita Federal, Marcelo de Albuquerque Lins, alerta que, caso o contribuinte desista do novo parcelamento, não retornará para as condições do programa anterior.

Pelas regras do novo "Refis", divulgadas ontem, quem deixar de pagar até três prestações, consecutivas ou não, vencidas em prazo superior a 30 dias, terá o parcelamento cancelado e o débito inscrito em dívida ativa da União. Lins explicou que o pagamento à vista ou da primeira parcela ocorrerá no mês da adesão. Caso não haja o pagamento, a adesão será invalidada. Além disso, aqueles que aderirem ao novo parcelamento estão desistindo automaticamente de eventuais ações na Justiça questionando o débito. Por outro lado, não terão mais restrições para obter Certidão Negativa de Débito (CND).

Para os débitos não parcelados em outros programas, vencidos até 30 de novembro de 2008, as prestações mínimas serão de R$ 50 para pessoa física, R$ 100 para pessoa jurídica e R$ 2 mil, em parcelamentos de débitos decorrentes do aproveitamento indevido de créditos do IPI, com alíquota zero, sobre aquisição de matérias-primas, material de embalagem e produtos intermediários.

Marcelo diz que o contribuinte poderá ter mais de uma parcela mínima. Isso ocorrerá quando o devedor tiver dívida com a Receita e com a PGFN, já que cada uma será parcelada separadamente, se também tiver débito previdenciário, também negociado à parte, ou ainda de crédito de IPI. Nesse primeiro momento, o contribuinte pagará apenas a parcela mínima, até que a Receita faça a consolidação da dívida. Só então, o devedor informará quais os débitos deseja parcelar e a prestação definitiva será calculada.

Para os participantes do Refis, a parcela será de 85% do valor da média das prestações entre dezembro de 2007 e novembro de 2008. Para os inscritos no Paes e Paex, será de 85% do valor da prestação devida em novembro de 2008. Caso o contribuinte participe de mais de um programa de parcelamento, a parcela será o somatório das prestações mínimas de cada parcelamento.

O governo não divulgou uma estimativa do volume de créditos que conseguirá recuperar com o novo programa, nem a expectativa de adesão ao mecanismo. No total, a União tem cerca de R$ 1,2 trilhão a receber de contribuintes com débitos tributários, incluindo a Dívida Ativa (já em cobrança judicial).

A Receita e a PGFN eram contrárias ao parcelamento, que foi criado pelos parlamentares durante a tramitação da MP 449, convertida na Lei 11.941. Pelo texto original da MP, encaminhado pelo governo, só haveria a negociação de dívidas até R$ 10 mil e em condições muito menos generosas que as incluídas pelo Congresso. O prazo de adesão às regras contidas na MP original foi aberto e se encerrou no dia 30 de março. Lins informou que os contribuintes que se inscreveram na época também poderão migrar para as novas condições de parcelamento. Caso não pretenda fazer a mudança, o contribuinte deve notificar a Receita, por escrito.

Regras para o parcelamento das dívidas - Prazo de adesão: 17 de agosto a 30 de novembro. Local: site da Receita ou da PGFN (www.receita.fazenda.gov.br ou www.pgfn.fazenda.gov.br). Condições de pagamento: à vista ou parcelado em até 180 meses. Quem pode aderir: todo contribuinte - pessoa física ou jurídica - com débitos tributários ou não junto à Receita Federal ou à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional. Não pode aderir: empresa optante pelo Simples Nacional. Benefícios: redução de multas, juros e encargos legais. O desconto é maior para pagamentos à vista e vai sendo reduzido quanto maior o número de parcelas.

Podem ser parcelados - Débitos nunca parcelados, vencidos até 30/11/2008, inscritos em dívida ativa ou não, ou já negociados no âmbito de outros programas como Refis, Paes e Paex; débitos decorrentes do aproveitamento indevido da aquisição de matérias primas e produtos intermediários com alíquota zero de IPI; débitos de Cofins das sociedades civis de prestação de serviços de profissionais liberais (como escritórios de advocacia).

Parcelas mínimas - R$ 50,00 para pessoa física; R$ 100,00 para pessoa jurídica; R$ 2 mil para empresas com aproveitamento de crédito indevido relativo ao IPI-zero; 85% do valor da média das prestações entre dezembro de 2007 e novembro de 2008 para os inscritos no Refis; 85% do valor da prestação devida em novembro de 2008 para os inscritos no Paes e Paex; somatório das prestações mínimas de cada parcelamento para o contribuinte que estiver inscrito em mais de um.

CIRC. 264/2009 Motorista poderá andar com cópia autenticada

Com a aprovação do Plenário do Senado, foi à sanção presidencial o projeto de lei da Câmara (PLC 155/08) que permite aos motoristas utilizarem cópia autenticada do Certificado de Licenciamento Anual de Veículo. Desde que o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) publicou resolução, em 2007, a fiscalização considerava apenas o documento original. O Contran alegou que o uso de cópia dificultaria a fiscalização. A proposta foi apresentada pelo deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS) e relatada na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado pelo senador Neuto de Conto (PMDB-SC). Ela acrescenta parágrafo único ao artigo 133 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), permitindo o porte de cópia do referido documento em substituição ao documento original, desde que autenticada em cartório ou pela repartição de trânsito que o expediu.

O relator no Senado observa que o autor, em sua justificação, argumenta que a possibilidade do uso de cópia autenticada do certificado evitaria os custos e os transtornos da obtenção de segunda via do documento, em caso de furto ou extravio, facilitando a vida tanto de empresários, cujos veículos são conduzidos por diversos motoristas, como de proprietários particulares. O autor acrescenta, assinala o relator, que o CTB exige a apresentação do original apenas nos casos da Permissão para Dirigir e da Carteira Nacional de Habilitação, ambos documentos de caráter estritamente pessoal. Já o certificado é um documento vinculado ao veículo e passível de ser utilizado por diferentes pessoas.

Além do Plenário da Câmara, a proposta foi analisada naquela Casa pela Comissão de Viação e Transportes e pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. O relator concordou com o autor, quando este disse que se deve repelir "um simples argumento de que a cópia autenticada dificulta a fiscalização". Para Neuto de Conto, "com os recursos propiciados pela tecnologia da informática, o poder público tem acesso a modernos meios de comunicação que oferecem informações sobre eventuais irregularidades relativas a veículos ou motoristas, de modo que a atividade de fiscalização pode ser plenamente exercida sem criar transtornos ou despesas adicionais para os cidadãos".



FONTE: Setcergs

21 de jul. de 2009

Devastação e abandono prosperam na BR-319

Fonte:
Valor Econômico
21/7/2009


Ao longo da carcomida rodovia BR-319, contrastes e nuances da dura realidade se multiplicam em uma das regiões mais preservadas da Amazônia. A meio caminho entre Manaus e Porto Velho, prospera o descontrole sobre a extração ilegal de madeira, a grilagem de terras e o garimpo irregular. E o crônico abandono de moradores seduzidos pelo Estado para povoar a região nos anos 70 soma-se à derrubada de florestas, pecuária clandestina e questões indígenas insolúveis.

As obras de reconstrução da estrada de 870 quilômetros, conduzidas em ritmo lento pelo Exército no trecho já licenciado (até Humaitá), avançam de Rondônia em direção ao coração do Amazonas, onde a BR-319 cruza a lendária Transamazônica. Quase uma picada no meio da floresta em alguns trechos, a 319 corta uma área do tamanho da Espanha e divide o governo federal. O Ibama, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, rejeitou a licença ambiental para o resto da estrada, mas o DNIT, do Ministério dos Transportes, lista argumentos econômicos e sociais para tirar do papel o projeto, incluído como prioridade no PAC. Em 1977, na inauguração, a estrada era toda asfaltada.

Os interesses eleitorais na BR são evidentes. O ministro Carlos Minc (PT) sofre pressão de ONGs ambientalistas para resistir ao cerco do colega Alfredo Nascimento (PR), pré-candidato ao governo do Amazonas. O Valor percorreu, a partir de Porto Velho, 1 mil km no sul do Amazonas - na 319 e na Transamazônica - para registrar os impactos da rodovia sobre a vida de moradores e cidades limítrofes.

Da presença do Estado, há apenas as placas do DNIT e do Exército anunciando "portais" de fiscalização ao longo da estrada. A PM amazonense tem apenas 300 homens para impor a lei em um território duas vezes maior do que o Estado de São Paulo. A Polícia Rodoviária desativou, há dois anos, seu único posto em Humaitá e a Polícia Federal mantém o efetivo a 200 km dali, em Porto Velho.

Longe dos olhos do Estado, a vida segue. Nem mesmo a profusão de buracos e atoleiros de todos os tamanhos, que insinuam as dificuldades para tocar a obra, têm sido obstáculo a uma corrida migratória no sul do Amazonas. Uma "bolha" imobiliária já começou na área de influência da BR e os índios das etnias apurinã e mura querem a demarcação de suas terras antes do avanço das obras.

A forte demanda por madeira embala sonhos na região onde o rebanho bovino supera 1 milhão de cabeças. As obras para garantir Manaus como sede da Copa do Mundo de 2014 estimulam a cobiça. Haveria demanda para 300 mil m3 de madeira, um negócio de R$ 2 bilhões nos próximos anos. Boa parte dessa matéria-prima deve sair do sul do Estado. Na beira da BR-319, pequenos lotes são vendidos por R$ 200 ou R$ 300. Um projeto de assentamento de 48 mil hectares, situado entre a BR e o caudaloso rio Madeira, começa a receber as 144 famílias escolhidas pelo Incra. O assentamento, ironicamente batizado de Realidade, repete o processo patrocinado pelo regime militar na década de 70.

Mesmo sem licença ambiental, as áreas de até 100 hectares começaram a ser ocupadas. E desmatadas. "Depois de reabrir essa BR, vai chegar mais especulação e vão querer vender os lotes. Na beira da estrada, vai ter corte raso e invasão", prevê a chefe do Incra de Humaitá, Terezinha Leite Barbosa. "Vão pintar e bordar, a não ser que botem um pelotão armado". Indicada há seis anos pelo hoje senador João Pedro (PT-AM), ela lidera nove servidores e aponta grilagem, pressão política e concentração da terra como as chagas da região.

O Incra admite que Realidade repetirá a história fundiária de Santo Antonio do Matupi, uma agrovila do município de Manicoré, no meio da Transamazônica e distante 320 km da BR-319. "Lá, eram 596 famílias no projeto. Mas as pessoas venderam as terras e aquilo já virou um fazendão de 300 mil hectares", diz Terezinha.

Desde 2000 como bispo de Humaitá, o alemão dom Franz Meinrad Merkel defende a BR e resume seu impacto ambiental a "uma questão política" de Brasília. "Se houver fiscalização rigorosa, não tem impacto", diz. "Mas o Estado precisa assumir o controle. Sem isso, a avidez pelo lucro vai prevalecer". O bispo afirma que os fiéis católicos estão aflitos. "Aqui, não há latifundiários. Temos quase um culto à floresta e precisamos dar esse passo para o desenvolvimento", prega.

Mas as florestas de Realidade correm risco. Três serrarias próximas ao vilarejo devem ser reativadas. "Precisamos dessa alternativa para sobreviver. Se não for isso, o que será?", defende o prefeito José Sidnei Lobo (PMDB). Ele promete apoiar a abertura de estradas para os lotes do Incra e cobrar de Manaus as autorizações para exploração seletiva (planos de manejo), paralisadas desde o fim de 2008. Hoje, o Amazonas tem uma fila de 816 planos para 1,2 milhão de hectares. Sem os planos, cresce a extração ilegal. O escritório regional do Ibama avisa não dispor de efetivo para fiscalização, mas pede urgência na aprovação dos manejos. "Sem isso, vão fazer de qualquer jeito", diz o chefe-substituto Francisco Araújo. "Não temos efetivo nem parceria com o órgão estadual. É impossível fazer bem feito".

De fato, alguns caminhões de toras já circulam pela BR. E os carros do Ibama estão no pátio. "Vai ter derrubada, sim. Podemos abrir 20%. E aqui não dá para viver sem plantar", avisa Josimar Santana Brito, 30 anos, vice-presidente da associação de moradores de Realidade. "O extrativismo dá para dois meses. E depois, fazemos o quê?", indaga. O vilarejo de Josimar tem dois bares, cinco igrejas, um "orelhão" movido a bateria solar e algumas casas cobertas de palha. Água encanada e energia chegaram há dois meses. Um cabo de fibra ótica da Embratel margeia a estrada, mas não há carros, posto de saúde nem ambulância. Tudo vem de Humaitá por um desconfortável trajeto de 100 km. São seis ou sete horas na carroceria do único veículo comunitário, um caminhão doado à associação de moradores pelo governo federal. Para desalento local, nem mesmo as duas novas unidades de conservação vizinhas garantiram a presença do Estado. Realidade vê imperar a dureza cotidiana.

Todos os dias, famílias inteiras chegam ao vilarejo formado por 60 famílias. O comerciante capixaba Osmar Oliveira da Cunha, 36 anos, gastou R$ 23 mil para erguer um galpão onde devem parar os ônibus da linha que rasgará os 600 quilômetros da BR em direção a Manaus. "Breve hotel e restaurante", diz a placa. Para a esposa e os quatro filhos, Osmar improvisou uma "meia-água" e já trabalha em dez pequenos quartos de alvenaria para futuros viajantes. Evangélico, como boa parte dos moradores, ele toca na igreja e vendeu três casas em Colniza (MT) e em Matupi para investir no negócio. "Vou colocar até internet aqui", planeja. Ele gastará mais R$ 50 mil na obra e em condicionadores de ar, geladeiras e televisões. Dono de 400 hectares no assentamento, Osmar também quer ganhar com manejo e "aluguel" da floresta. "O governo ainda vai pagar para a gente não desmatar", aposta.

Pioneiro do novo Eldorado regional, o pecuarista goiano João Nogueira Nascimento, 50 anos, comprou algumas áreas e doou 15 hectares para urbanização. "Com essa BR, isso aqui vai explodir de gente. Vamos ter 400 famílias." E aposta que, em "seis ou sete anos", o lugar vira cidade. Dono de 220 bois, diz que a prefeitura construirá mais 60 casas em 40 dias.

Mas promessas e sonhos também causam desilusão. A PM do Amazonas registra um aumento de conflitos agrários e de violência gerada por disputas em garimpos ilegais e no tráfico de drogas pelo rio Madeira. O coronel Daniel Piccolotto, comandante da Regional Sul da PM, critica o Ibama pela proibição do plantio de grãos nos chamados campos naturais da região. "Isso piorou o quadro. Tiraram o arroz e forçaram o produtor a virar madeireiro", analisa.

Defensor da BR e das madeireiras, o gaúcho, que tenta impor a lei em uma área duas vezes maior do que o Reino Unido, diz que "só não há tragédias maiores" por causa da dificuldade de acesso na floresta. "A situação hoje na BR é tranquila, mas esse “meião” vai ser um problema. Fica longe de tudo e não tem controle", diz, apontando no mapa um trecho de 450 km da rodovia sem vilarejos nem ação pública. O descontrole na região não poupa nem o Exército. O 54º Batalhão de Infantaria de Selva foi obrigado a mudar os controles para evitar a devastação de 45 mil hectares de florestas da União sob sua jurisdição. "Já entraram vários madeireiros lá. Intensificamos as patrulhas e passamos a usar a área para treinar a tropa", diz o coronel Renato Nery. No comando de 600 homens, acha que a BR deve trazer "tráfico de drogas e bandidos", mas ressalva que o asfalto ajudará a romper o isolamento. "Vai ter impacto, vai ter grileiro, mas não podemos condenar as cidades ao congelamento econômico. Não dá para ficar isolado para sempre." Em Humaitá, o Exército também atua como hospital.

BNDES facilita aquisição de caminhões novos e usados em todo o Brasil

Fonte:
Agência Brasil
21/7/2009


Caminhoneiros de todo o país já podem procurar as agências da rede bancária credenciada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para se habilitar à compra de caminhões novos e usados, utilizando as novas condições financeiras estabelecidas pelo programa BNDES Procaminhoneiro.

Em decisão anunciada no final do mês passado, o BNDES reduziu os juros anuais do programa para 4,5%. A taxa será fixa até 31 de dezembro de 2009. Segundo o banco, a redução foi de 67% em relação à taxa anterior (13,5%). As cartas circulares com as novas regras já foram distribuídas aos agentes repassadores de recursos do banco.

A expectativa do BNDES é que a ampliação do prazo de financiamento dos caminhões de 84 para 96 meses e o corte dos juros contribuam para aumentar a procura pelo programa, que foi lançado em maio de 2006. Com dotação de R$ 1 bilhão, o programa objetiva facilitar o crédito para o caminhoneiro e financiar a aquisição de caminhões, chassis e carrocerias de caminhões novos e usados produzidos no Brasil.

A partir de agora, será possível também financiar caminhões com até 15 anos de vida, contra os oito anos anteriores contados a partir da data de fabricação.

20 de jul. de 2009

Caminhoneiros da Ceagesp temem contágio

Fonte:
Folha de S. Paulo
20/7/2009


Caminhoneiros vindos do Sul do país e da Argentina, onde há maior concentração de casos da gripe suína, chegam diariamente à Ceagesp (companhia de entrepostos e armazéns), na Vila Leopoldina (zona oeste de SP), com medo e sem informação sobre o vírus que já matou dois colegas entre os 11 mortos no país pela doença. No último balanço do Ministério da Saúde, eram 1.175 casos no país.

Ao todo, 7.000 motoristas vindos de todos os cantos do país e do exterior passam por dia pelo local. Sem saber como se prevenir, eles tomam vitaminas e receitas caseiras para tentar se proteger da gripe, o que não faz efeito, segundo os médicos. Alguns carregam as máscaras de proteção para usar nas fronteiras e em áreas onde há contato com pessoas de regiões contaminadas.

Atento ao risco nas estradas, o Ministério da Saúde começou a distribuir, na semana passada, panfletos sobre o vírus aos caminhoneiros nas rodovias federais do Sul do país e dos Estados de São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, em parceria com a polícia. Como a ação é recente, muitos caminhoneiros ainda não receberam os informativos. A Ceagesp distribuirá, a partir desta semana, 60 mil panfletos em 13 unidades da companhia no Estado.

Sem informações, o caminhoneiro paranaense José Romualdo Renz, 49, que traz peras, maçãs, uvas e pêssegos da Argentina, toma uma mistura de cachaça com alho para fortalecer o organismo. "Isso [a mistura] mata a gripe", disse. Ele ganhou uma máscara de proteção e a utiliza com frequência.

Já o caminhoneiro Sérgio Arthur Baialardi, 44, de Chapecó (SC), toma vitamina C como tentativa de não contrair o vírus. Morador de Uruguaiana (RS), onde um caminhoneiro de 29 anos morreu da gripe suína, o motorista Sandro de Oliveira Lopez, 36, diz que, na fronteira com a Argentina, o clima é de medo. O outro caminhoneiro morto pela gripe, de 35 anos, era de Itaqui (RS) e teria contraído a doença na Argentina.

Máquinas e equipamentos têm queda de 32% no ano

Fonte:
Valor Econômico
20/7/2009


O déficit da balança comercial de máquinas e equipamentos mecânicos em maio foi de US$ 888,40 milhões, 1,6% maior do que no mesmo mês de 2008. No acumulado dos cinco primeiros meses, o déficit foi 32,3% superior ao do mesmo período do ano passado, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq).

José Velloso, vice-presidente da Abimaq, lembra que as exportações do setor caíram 29,6% de janeiro a maio, enquanto os desembarques tiveram queda de 1,8%. Para Júlio Sérgio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica, a queda menor da importação de bens de capital em relação aos bens intermediários contribuiu de forma significativa para acentuar o déficit comercial da indústria de transformação.

Mesmo com a crise, diz Almeida, foram mantidas as compras de máquinas importadas mais sofisticadas, destinadas a obras de infraestrutura ou outros projetos de longo prazo. Alguns desses embarques, explica, podem ser resultado de contratos assinados antes da crise. "Esse tipo de investimento não parou, apenas pode ter sofrido redução no ritmo. Por isso, a importação foi mantida." Segundo Velloso, da Abimaq, as importações de máquinas foram impulsionadas a partir de maio com as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Flávio Castelo Branco, gerente-executivo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), considera a situação de bens de capitais mais preocupante porque há um excesso de oferta de outros países que pode ser direcionada para o Brasil, onde ainda há demanda. Almeida concorda que esse fator também pesou na importação de máquinas. "Isso gerou maior concorrência, com redução de preços e assédio ao mercado brasileiro."

Segundo dados da Abimaq, a importação de "componentes e máquinas para indústria", rubrica que inclui as partes e peças usados como produtos intermediários pelos fabricantes de máquinas, caiu 14,7%. No mesmo período, os desembarques de máquinas para infraestrutura, logística e indústria de base aumentaram 8,5%. Esse grupo participa com 36,2% da pauta de importações do setor.

O dado chama mais atenção porque a produção nacional de máquinas caiu significativamente, lembra Almeida. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a retração na produção de bens de capital foi de 22,8% no acumulado de janeiro a maio em comparação ao mesmo período de 2008.

Cresce a procura por galpões

Fonte:
Diário do Comércio
17/7/2009


A restrição do tráfego de caminhões no centro expandido da cidade de São Paulo está contribuindo para a formação de novos nichos no mercado imobiliário e para o aumento de oportunidades no segmento de armazéns comerciais. Uma pesquisa da consultora imobiliária Cushman & Wakefield mostrou que os investimentos em armazéns saltaram 9% no ano passado, acima dos 7,5% de 2007.

Na prática, as grandes empresas varejistas estão optando por alugar galpões disponíveis nas principais rodovias que margeiam a capital paulista, onde é permitida a circulação dos caminhões de grande porte, para assim distribuir os produtos em veículos menores. Com isso, a demanda por áreas industriais aumentou muito a partir do ano passado. Neste ano, segundo levantamento da Colliers Internacional, urna das líderes mundiais no segmento de imóveis para empresas, a expectativa é de que o quadro se mantenha estável. Segundo o levantamento, galpões que eram alugados por R$ 14 o metro quadrado no início de 2008, finalizaram o ano na faixa média de R$ 20 o metro quadrado.

Segundo a Colliers, é alta a demanda, e baixa a oferta. As rodovias Anhanguera, Castelo Branco e Bandeirantes tiveram forte procura, mas também se percebe alta significativa para a Régis Bittencourt, a Anchieta e a Imigrantes, que serão cortadas pelo trecho sul do Rodoanel, com previsão de conclusão das obras até 2010.

Embora 2008 tenha sido um ano em que o mercado absorveu, em sua maioria, grandes áreas (acima de 10 mil metros² de área construída), a demanda por galpões modulares com área na faixa de 1 mil a 3 mil metros² continuam sendo uma tendência para 2009 no estado, segundo a pesquisa.

Na busca de opções para oferecer às grandes redes varejistas, a Stan Desenvolvimento Imobiliário está partindo para a linha de armazéns comerciais. Em agosto de 2008, foi entregue o Modular I, na rodovia Castelo Branco, região de Tamboré, na Grande São Paulo. Com taxa de vacância de locação zero, a empresa decidiu partir para o Modular II, também localizado na rodovia Castelo Branco, ao lado do Rodoanel Mário Covas.

Segundo o diretor executivo da Stan, Stefan Neuding, os 16 módulos do Modular I, com 1.500 metros² cada um, estão totalmente alugados, e as expectativas para o Modular II são promissoras. “Muitas empresas já demostraram interesse pelo aluguel de um ou mais armazéns. Se o futuro inquilino desejar área maior, a opção é formar um combinado, com dois ou mais módulos, já que a técnica utilizada na construção permite. Os módulos são separados por paredes flexíveis pré-moldadas, de fácil remoção”, disse.

O Modular II vai ocupar terreno de 27 mil metros², com 19 módulos. Nesses dois empreendimentos foram investidos cerca de R$ 60 milhões. O valor de locação é de R$ 21 por metro quadrado.

A CCP (Cyrela Commercial Properties), um dos braços da Cyrela, que também investe em galpões, pretende triplicar a participação no segmento até 2012. “Dos atuais 7%,os condomínios logísticos representarão25% de nossa receita”, disse o presidente da CCP, Bruno Laskowsky. Atualmente vem sendo desenvolvido o Centro Logístico Dutra, na rodovia de mesmo nome, na região metropolitana de São Paulo, com investimentos de R$ 120 milhões. Serão 140 mil metros² de área construída em terreno de 230 metros².

Segundo o diretor financeiro da CCP, Dani Ajbeszyc, as obras do novo centro logístico deverão começar no final deste ano. “A primeira fase deverá estar pronta no fim de 2010. “A primeira fase deverá estar pronta no fim de 2010. Esse segmento é uma tendência, principalmente por causa das restrições de caminhões na cidade”.