27 de out. de 2009

30 mil veículos sob o risco de virar sucata

Carros apreendidos pela polícia desaparecem, pegam fogo ou são desmanchados nos 38 pátios particulares onde deviam estar protegidos.

Muitos deles se tornaram sucata. Há casos de veículos apreendidos sem boletim de ocorrência. Estima-se em pelo menos 30 mil carros, motos e caminhões expostos a esses riscos. Já o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) aguarda há meses que as delegacias de São Paulo enviem uma lista do que realmente pode ser leiloado.

Para os pátios vão veículos roubados e furtados, carros com chassis adulterado, com dívida de IPVA, multas ou crimes de trânsito. O problema chegou ao Ministério Público Estadual, que abriu duas investigações: uma na Promotoria do Meio Ambiente e outra no Grupo de Atuação Especial e Controle Externo da Atividade Policial (Gecep). A lista de pátios foi fornecida pela polícia e, a pedido do Gecep, cada Delegacia Seccional informou os lugares usados pelos distritos policiais.

Houve quem listasse até estacionamentos usados no passado, já fechados. Esse é o caso do Pátio Tatine. “Ele está fechado há mais de três anos”, disse o comerciante José Manoel Botana Iglesias, de 52 anos, ex-dono do lugar.

Atualmente, ele mantém um pátio na região do Ipiranga, na zona sul. Ali, em 5 de fevereiro deste ano, 43 veículos foram depenados por ladrões. Os bandidos levaram capôs, tanques, portas e peças de motores.

O pior, segundo ele, não são os furtos, mas o fato de ser alvo de processos por apropriação indébita. Por ser depositário fiel dos veículos, ele é responsabilizado por tudo o que some em seu terreno. Por isso, Iglesias hoje é alvo de 12 ações na Justiça.

Cansado, o comerciante resolveu fechar o pátio. Desde fevereiro, ele tenta livrar-se dos cerca de 700 veículos que lotam o terreno, mas a polícia diz não ter como retirá-los, pois não tem lugar para onde levá-los.

Situação semelhante ocorre com o maior pátio da lista, o Santo Amaro (zona sul). Ele foi interditado em dezembro de 2008 pelo Departamento de Uso do Solo Metropolitano (DUSM), da Secretaria de Estado do Meio Ambiente.

Às margens da Represa do Guarapiranga, o pátio foi fechado porque ocupa área de manancial e proteção ambiental.

Sumiço - Há o caso do sumiço dos carros do pátio que fechou sem a polícia saber. Ele ficava na Vila Nova Curuçá, zona leste da capital. Em 2008, policiais da Delegacia de Repressão a Roubo e Furto de Carros foram lá para apanhar um Monza que devia ser leiloado.

“Infelizmente, a equipe designada para a missão não logrou localizar o automóvel, mas apresentou relatório dando mostras da caótica situação daquele imóvel”, relataram.

Em outro caso, sumiram um Omega e um Gol. Os investigadores revistaram seis terrenos usados na guarda de veículos sem sucesso. O relatório diz que num terreno “havia ainda alguns veículos em seu interior, contudo não se tratando do Omega e do Gol”.

Chamado pelo Gecep para dar explicações na Justiça , o delegado Gilson Cezar Pereira da Silveira, que até a semana passada cuidava no Detran da regulamentação de pátios, resumiu a situação: “Enquanto tudo vai bem, tudo bem; quando surgem os problema, ‘vamos arrumar a casa’: essa é uma expressão que utilizamos”.

Fonte:Jornal da Tarde

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