23 de jul. de 2009

Com um ano de Lei Seca, acidentes caem e noites cariocas ficam mais curtas

Queda no movimento leva bares e restaurantes a fechar mais cedo.
Carioca busca saídas criativas e uso do táxi cresce até 10%.


Daniella Clark Do G1, no Rio


Um ano após virar lei, a tolerância zero ao álcool no trânsito vem reduzindo o número de acidentes nas ruas do Rio e causando ainda outro efeito colateral: a noite dos cariocas está mais curta. Para driblar a queda no movimento, que chega a 20%, muitos passaram a fechar as portas mais cedo.

“O fato que chama a nossa atenção é que as casas passaram a fechar mais cedo. Em Vila Isabel, por exemplo, estabelecimentos que fechavam 3h, 4h, estão fechando 1h”, conta Alexandre Sampaio, presidente do Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio.

É o caso do Lamas, antigo reduto da boemia na Zona Sul do Rio: em vez de 3h ou 4h, a saideira ali agora é a 1h da madrugada nos dias de semana, e às 2h de sexta a domingo.

“O movimento caiu e com isso a gente está fechando mais cedo. Antes vendíamos seis barris de chope e hoje vendemos quatro”, conta Milton Brito, um dos sócios, que por outro lado viu seu serviço de entrega a domicílio crescer 30%.


Na Lapa, Centro do Rio, o tradicional Nova Capela, que antes era o ponto de encontro dos amantes do chope até as 5h, agora fecha por volta das 3h e amarga queda de 20% no consumo de bebidas. “A pessoa vai de táxi e gasta menos com o chope”, teoriza Francisco Soares, um dos sócios da casa.

Queda no consumo já foi maior

Segundo Alexandre Sampaio, esse toque de recolher informal da boemia é uma das formas que os estabelecimentos encontraram para absorver a mudança não só da legislação, mas do comportamento do carioca, que, com o aumento da fiscalização, passou a ter mais cuidado com a combinação "álcool e volante".


Ampliar Foto Foto: Reprodução/Arquivo pessoal Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
Karime (à direita), ao lado das amigas Ana Carolina Feijó (à esquerda) e Daiane Brasil (no centro): quem é eleito o motorista da turma não bebe e tem a conta bancada pelos demais (Foto: Reprodução/Arquivo pessoal)

Sampaio conta que a queda no movimento já foi maior – chegou a 40% logo no início de vigência da lei. Hoje estacionou entre 10% e 12% nos restaurantes e entre 13% a 15% nos bares.


“Iniciativas como convênios com cooperativas de táxi e amigos que se revezam para dirigir ao sair ajudaram a reduzir o impacto”, explica.


Bares investem em promoções

Mesmo após um ano da lei, a promoção ainda é a alma do negócio. No bar Espírito do Chopp, na Cobal do Humaitá, Zona Sul do Rio, uma parceria com empresas de táxi dá descontos aos clientes que consumem bebidas alcoólicas. O mesmo ocorre na Baixada Fluminense, onde a cooperativa Meriti Rádio Táxi, localizada num shopping da região, oferece um desconto de 10% para os clientes que consumirem bebidas alcoólicas.


Já no Joe & Leos do Fashion Mall, em São Conrado, Zona Sul do Rio, o amigo eleito para dirigir num grupo de quatro pessoas ganha um bônus para voltar ao estabelecimento, a partir de um determinado valor da conta.


“É uma oportunidade boa para quem fizer o papel de motorista dos amigos. É uma espécie de prêmio e incentivo por não consumir nenhum drinque durante a noite”, diz a gerente Fabiana Ramos.

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