6 de jul. de 2009

Investimentos têm de crescer 51%, diz Abdib

Fonte:
O Estado de S. Paulo
6/7/2009
O Brasil terá de investir R$ 160,9 bilhões por ano para melhorar os serviços de infraestrutura e garantir um crescimento econômico sustentável nos próximos cinco anos. O valor é 51% superior aos R$ 106,8 bilhões aplicados em 2008, segundo cálculos da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) - foi a primeira vez, desde o milagre econômico, que o País conseguiu atingir a meta de investimento para buscar a universalização dos serviços do setor.
A necessidade de recursos para os próximos anos aumentou especialmente por causa das descobertas do pré-sal, diz o presidente da Abdib, Paulo Godoy. O estudo da entidade mostra que o setor de petróleo e gás exigirá recursos de R$ 75,3 bilhões por ano nos próximos cinco anos. Isso inclui, além de exploração e refinaria, as redes de distribuição de gás natural, entre outras obras.

Mas os outros setores da infraestrutura também tiveram as necessidades ampliadas. O setor de energia elétrica, por exemplo, precisará de R$ 28,3 bilhões por ano; transporte e logística, R$ 24,1 bilhões; saneamento, R$ 13,5 bilhões; e telecomunicações, R$ 19,7 bilhões.

Os cálculos da Abdib foram baseados no Plano Decenal de Energia Elétrica (2008-2017), Plano Nacional de Transporte e Logística (2008-2023), Plano de Negócios da Petrobrás (2009-2013) e no Estudo de Universalização dos Serviços de Abastecimento de Água e de Coleta de Esgoto Sanitário no Brasil (2003).

Em alguns casos, o aumento da necessidade de investimento deve-se ao fato de o País não ter conseguido tirar do papel projetos importantes no passado, o que provocou defasagem na ampliação e qualidade dos serviços. "Temos de investir um montante mínimo por ano e tudo aquilo que o País deixar de fazer em determinado período aumenta exponencialmente os recursos que precisam ser aplicados no futuro", diz Godoy.

É o caso do saneamento básico. Embora o governo tenha conseguido aprovar o marco regulatório do País, os investimentos não andaram na velocidade desejada. Um dos motivos foi a falta de projetos executivos para conseguir os financiamentos oferecidos pelo Estado. "É claro que percebemos uma melhora, mas temos muito a fazer se quisermos universalizar os serviços de tratamento de água e esgoto no Brasil", diz o diretor da EcoHab, Newton Azevedo.

Isso ocorre também com o setor rodoviário e ferroviário. Nos últimos anos, os governos federais e estaduais fizeram uma série de licitações para conceder trechos à iniciativa privada. "Mas o País tem potencial para ter quatro vezes mais ferrovias e estradas em melhores condições que as que temos."

Desde 2003, os recursos públicos e privados investidos em infraestrutura têm apresentado trajetória crescente. Saíram de R$ 55,8 bilhões para R$ 106,8 bilhões. Apesar disso, apenas no ano passado o setor conseguiu investir o necessário para melhorar os níveis dos serviços.

Neste ano, entretanto, os esforços terão de ser redobrados. Além da necessidade de investimentos ter aumentado, o cenário de crédito está mais apertado. "A coisa mais importante agora é conseguir equacionar a concessão de empréstimos e financiamentos", diz Godoy. Segundo ele, uma parte significativa dos investimentos que serão feitos no próximo ano dependerá do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). De janeiro a abril, a instituição aprovou R$ 15,5 bilhões para o setor. Em 12 meses, foram R$ 49,1 bilhões.

Esses valores incluem financiamentos concedidos também para a Petrobrás. Com a dificuldade de crédito no mercado mundial, a estatal contará com os recursos do BNDES para tirar boa parte de seus projetos do papel.

Nesse caso, no entanto, além das questões de crédito, o andamento dos investimentos também dependerá de questões políticas, afirma o diretor da Câmara Brasileira de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires. Outro fator é resolver questões ligadas ao Tribunal de Contas da União (TCU), que suspendeu, por exemplo, as obras da Refinaria Abreu Lima por suspeita de superfaturamento.

Para Pires, ao contrário do que parece, os investimentos da Petrobrás sempre extrapolam os cronogramas estabelecidos. "A empresa fala muito do futuro e pouco do presente. Se você pegar as metas de produção de petróleo e gás, elas não foram cumpridas na data prevista."

No setor rodoviário, os investimentos também deverão sofrer alguns atrasos. A terceira etapa de concessões de rodovias federais, por exemplo, só deverá sair do papel no ano que vem, ao contrário da expectativa inicial do Ministério dos Transportes de fazer a licitação este ano. Os documentos ainda estão sendo analisados pelo TCU e a expectativa de lançamento do edital é apenas para novembro. O leilão deverá conceder as rodovias BR-040, BR-116 e BR-381, em Minas Gerais.

NÚMEROS

R$ 75,3 bilhões

É a necessidade de investimentos por ano na área de petróleo e gás nos próximos cinco anos, principalmente por causa das descobertas no pré-sal

R$ 28,3 bilhões

É a necessidade de aportes em infraestrutura na área de energia elétrica

R$ 24,1 bilhões

É a necessidade prevista de investimentos em transporte e logística

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