21 de set. de 2009

Economia brasileira e exportações

Nos oito primeiros meses do ano as exportações de produtos básicos superaram as de manufaturados, o que não se registrava desde 1978.

As porcentagens foram de 42,8% ante 42,5%. No mesmo período de 2008 foram de 37,1% ante 46,8%.

Pode-se achar que isso não tem nada de preocupante, dada a perspectiva de o Brasil se tornar um grande exportador de petróleo (outro produto básico) e de a exploração do petróleo ser acompanhada pelo desenvolvimento da indústria a ela vinculada, segundo os planos do governo.

Deixando de lado que isso por enquanto é apenas um desejo do presidente Lula e que, mesmo realizado, o fato de ter custo muito alto e depender da exportação de produtos básicos para a obtenção de divisas é um grave inconveniente, pois seus preços variam amplamente - como já mostrou o do petróleo nos últimos dois anos - e alguns desses produtos básicos podem ser totalmente substituídos com os avanços da tecnologia (a exemplo do carvão).

A queda das exportações de manufaturados não significa apenas perda de receitas - da ordem de quase US$ 20 bilhões em oito meses -, e fatores conjunturais podem explicar essa retração, como a crise internacional e a retomada do protecionismo que a acompanhou. A valorização do real ante o dólar também contribuiu para essa queda - problema que tem desafiado as autoridades, cuja solução se mostra muito difícil, e que a perspectiva de aumento das exportações de petróleo só pode agravar, por alimentar ainda mais a valorização da moeda nacional.

No entanto, existem outros fatores não conjunturais que prejudicam as exportações de manufaturados. Esses produtos são muito sensíveis aos preços ofertados. Ora, sabemos que desse ponto de vista os produtos brasileiros sofrem de sérias desvantagens: carga tributária elevada, legislação social muito pesada, infraestrutura de transporte terrestre e marítimo deficiente. Desvantagens que precisariam ser removidas ou aliviadas para que se reduzisse o custo Brasil.

Se o País se tornar basicamente exportador de commodities, incorre no risco de manter sua indústria atrasada, sem as inovações que dependem da intensificação das pesquisas e do aumento de produtividade a ela vinculado. A exportação de manufaturados implica a necessidade de constante inovação, como se vê no caso da China.

Ao contentar-se apenas com a exportação de produtos básicos, o Brasil pode voltar ao estágio de país subdesenvolvido.

Fonte:O Estado de São Paulo

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