21 de set. de 2009

Governo dá prioridade a investimentos em transportes mais caros e poluentes.

Além de investir pouco, o governo está aplicando de maneira errada os recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) dos transportes, na opinião de Paulo Fleury, diretor executivo do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos).

Segundo ele, um dos piores erros ocorre nas regiões Norte e Centro-Oeste, as mais carentes de transporte no Brasil. Para ele, nenhuma análise justifica a pavimentação dos 1.650 quilômetros da BR-163, entre Cuiabá e Santarém.

- Esse é o problema. Muitas vezes os investimentos são decididos por questões políticas - disse.

O Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos) fez um estudo sobre a evolução da plantação e da exportação da soja para 2020. Com base nisso, projetaram quais serão os investimentos em logística necessários e por quais portos o grão poderá chegar ao mercado externo. Em todas as simulações, o porto de Santarém (PA) será um dos mais beneficiados, desde que sejam criados canais de escoamento da produção desde o Mato Grosso. Para isso, o governo está dando prioridade à pavimentação da BR-163.

Entretanto, seu estudo apontou que, embora seja a obra mais barata (R$ 1,55 bilhão, contra R$ 2,9 bilhões para tornar navegável no mesmo trecho os rios Tele Pires e Tapajós, e R$ 4,15 bilhões para uma nova ferrovia no trajeto), ela é a que mais tempo demora para se recuperar o investimento. Na estrada, o prazo de retorno será de 14 anos, contra 9 da ferrovia e 3 da hidrovia. Transportar uma tonelada de soja pelo trajeto custaria, a preços de hoje, R$ 94,77 quando o transporte fosse realizado por rodovia, R$ 58,86 por ferrovias e R$ 42 pelos rios. Além disso, o transporte por estradas é dez vezes mais poluente que pelo rio. O transporte por caminhões também amplia o risco de desmatamento da selva, pois normalmente surgem cidades e plantações ao longo das rodovias.

- A experiência do uso da hidrovia do rio Madeira mostra que os produtores de soja estão satisfeitos com esse modal e estarão prontos para a nova hidrovia. Temos notícia, inclusive, que há fundos de investimentos prontos para investir na estrutura de apoio à hidrovia, como silos e estrutura de armazenamento - afirmou.

Ele disse que teme, pelos mesmos motivos políticos, que a rodovia entre Porto Velho e Manaus seja aberta, com nefastas consequências para o meio ambiente e para a economia:

- O problema é que o ministro dos Trasnportes, Alfredo Nascimento, prometeu esta estrada para a população do seu estado, onde pretende ser candidato a governador em 2010 - disse.

Fonte:O Globo

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