29 de mai. de 2009

Odebrecht recebe R$ 1 bi para investir na D. Pedro

Fonte:
Valor Econômico
28/5/2009


O banco Santander libera hoje a primeira parcela de R$ 370 milhões de um empréstimo-ponte de R$ 1 bilhão para a concessionária da rodovia Dom Pedro, a Rota das Bandeiras, iniciar os investimentos no trecho. Mais cara das rodovias licitadas pelo governo paulista no fim do ano passado, a Dom Pedro exige investimentos totais de R$ 2,4 bilhões ao longo da concessão, de 30 anos, além do pagamento de R$ 1,3 bilhão em outorga em 18 meses - exatamente a duração do empréstimo-ponte.

De acordo com o Santander, líder do consórcio de cinco bancos envolvidos no negócio, foi a primeira vez no Brasil em que um empréstimo-ponte para uma concessão foi organizado como um "project finance", ou seja, totalmente lastreado na receita futura do empreendimento. Com isso, não houve a necessidade de garantias corporativas dos sócios do negócio - no caso, a Odebrecht -, reduzindo o peso do empreendimento no balanço da construtora.


Segundo o diretor da área corporativa do Santander, André Fernandes Berenguer, em um momento em que o país conta com grande volume de projetos de infraestrutura em curso, o desenvolvimento de produtos desse tipo para novos empreendimentos permite a mobilização de um volume maior de recursos pelos empreendedores privados. "O mercado de concessões está mais maduro no país. Essa é uma evolução natural no setor", diz.


O presidente da Rota das Bandeiras, Sidney dos Passos Ramos, afirma que a fórmula interessa aos sócios, que no caso, arcam apenas com o dispêndio da preparação do projeto e o aporte inicial de capital - algo como 30% do investimento total. Os 70% restantes entram na concessionária com o empréstimo.


O principal gasto da Rota das Bandeiras nos primeiros seis meses será o pagamento da outorga, que será quitada em 18 parcelas mensais de R$ 59 milhões. A empresa fez ainda um aporte de 20% da outorga, R$ 268 milhões, 48 horas antes de assumir a concessão em 3 de abril. Nos primeiros 18 meses, a outorga consumirá 80% dos investimentos da empresa na rodovia. Os outros 20% serão direcionados para melhorias consideradas emergenciais no trecho, como as cinco novas praças de pedágio previstas no projeto - hoje, há apenas duas em operação.


A previsão da concessionária é de que até setembro as sete praças estarão funcionando, o que dará à Dom Pedro pelo menos três meses de receita plena antes do ano que vem, quando será publicado o primeiro balanço da empresa. O plano é chegar ao fim dos 18 meses do empréstimo- ponte com um ano de geração de caixa para negociar uma linha de crédito de longo prazo, para cobrir o empréstimo e ainda financiar o restante dos investimentos previstos no projeto.


De acordo com o presidente da Rota das Bandeiras, a previsão é de que R$ 1,2 bilhão dos R$ 2,4 bilhões em investimentos fixados no edital serão realizados nos primeiros seis anos da concessão. Os principais investimentos envolvem a duplicação de dois trechos de vias vicinais assumidos pela empresa, o prolongamento do anel viário de Campinas e a construção de uma nova perimetral em Itatiba.


A linha de longo prazo que financiará parte desses projetos também está sendo assessorada pelo Santander. A idéia é obter uma linha do BNDES, mas o banco está analisando outras possibilidades, como linhas oficiais internacionais - Banco Mundial ou Bid - e mesmo captação no mercado privado. O tamanho da linha de longo prazo dependerá ainda da capacidade de geração de caixa que for registrado na rodovia. Ao longo de 2008, a Dom Pedro registrou um aumento de 14% no fluxo de automóveis, mas houve retração com a chegada da crise, como em outras rodovias.


Por: Fernando Teixeira

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