19 de fev. de 2010

Novos Cargo tomam forma no campo de provas de Tatuí

Novos Cargo tomam forma no campo de provas de Tatuí

Após 25 anos, a Ford prepara-se para mudar a fundo a sua linha Cargo. Mais do que uma nova cabine, há muitos outros componentes de mudança. A nova cara da rede de concessionários é um deles

Na história de mais de 50 anos da Ford no Brasil, um dos momentos memoráveis coincidiu com o ano de 1985, ou seja, há 25 anos. Naquela data, a montadora introduziu a linha Cargo no mercado brasileiro. Entre outros tantos que formavam a equipe, digamos, de transição, havia Hans Wilhelm, alemão de nascença e mercediano por formação. Ele assumira a gerência de vendas e de Marketing da Ford caminhões e seu objetivo confesso era “arrancar 30% de participação da Mercedes”. Mas havia pedras em seu caminho. E estas não se relacionavam com o produto. O embaço ‘morava’ na rede, com cerca de 150 Casas autorizadas a vender o Cargo e assisti-lo numa oficina dividida com automóveis Escort, Verona e até Galaxie.

Wilhelm esperava muito de uns oitenta e tanto concessionários. Eles deveriam se enquadrar ao previsto no ‘receituário’ da chamada franquia 91, internamente rotulados de key-dealers. Os compromissos de parte dessa turma não se confirmaram na real e – não por isso – Wilhelm acabou saindo. A deficiência continuou lá, para cair anos mais tarde na mesa do então diretor de caminhões, Flávio Padovan que mudou a denominação para franquia 51. Ele também já mudou de Casa, não sem se esforçar no limite para angariar interessados na montagem de revendas exclusivas de caminhões. Mas o nó era brabo. Dos virtuais 88, declarados por Wilhelm em 1985, a Ford – sempre falando de caminhões – levou outros 20 anos para montar uma malha de exclusivos em cargueiros, cujo festivo número de 110 só foi alcançado em 2008. A praça de Belo Horizonte, por exemplo, marcou como uma das grandes amarrações para a Ford.

MAIS 15% − Agora, no biênio 2010/2011, a Ford se lança em outro momento de intensas mudanças. Após amargar por décadas o fato de não oferecer modelos com cabines-leito, destinou afinal uma representativa soma para investir no quesito, contando com apoio de seu outro pólo de manufatura de caminhões, o da Turquia. De acordo com notícias do campo de provas de Tatuí, protótipos do novo Cargo chegaram lá para as devidas modelagens. Os planos da Ford não se limitam à cabine-leito (sleeper-cab) na linha pesada. Segundo fontes, surgirá uma família de caminhões totalmente nova. Apenas as cabines dos modelos acima de oito toneladas de PBT serão substituídas. Assim não haverá somente o Cargo turcão, mas os turquinhos (médios) e os turcos (semipesados). Claro, dotados de cabines curtas (day-cabs) ou leito, cuja lataria vem da Turquia, recebendo aqui a grade e o parachoque.

E não fica por aí. Os projetistas da Ford estão promovendo mudanças de ponta a ponta. Na embreagem, câmbio e até parte elétrica por inteiro. Novos fornecedores poderão desalojar preferidos antigos. Conforme conferido, tudo que se refira a lâmpadas “foi substituído por LEDs, menos os faróis”. Os motores continuam os Cummins de quatro e seis cilindros e, ao contrário do início da vigência da norma Euro 3 (Proconve 5), a Ford não resiste ao aperto de exigências e controle de emissões previstos na Euro 5 (Proconve 7) em 2012. Apesar do problemático aditivo ureico Arla 32.

Por último, vem o principal. A futura geração ‘turca’ da montadora de São Bernardo tem como item importante, já surgido nas planilhas, “o aumento médio de 15% em relação aos custos de fabricação dos Cargo precedentes”, garante a fonte. A variação será repassada ao preço dos produtos e, ainda que resulte pequeno, para um ou outro concessionário, “qualquer porcentual fará uma grande diferença” no jeito da família Ford tocar o negócio de caminhões. Por décadas, o preço fortemente competitivo foi linha auxiliar de passagem do crescimento ou sustentação das operações com caminhões da marca. Seja por isso ou aquilo, os números de vendas internas no atacado, referentes ao ano passado, têm a força de marco. Depois da Scania, que constitui caso atípico de crescimento sobre 2008 (+4,0%), a Ford obteve o segundo melhor desempenho da indústria, igual a apenas 2,0% negativos – 19.085 sobre 19.486 (somente unidades a partir de seis toneladas). As boas notas no ‘boletim escolar’ descortinam um amplo horizonte. Nele se vê, pronta, a estrada pavimentada por onde passará a geração ‘turca’. Com as benções de Alá.

Fonte:Carga Pesada

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