6 de out. de 2009

Declarações fora de hora

O Brasil recebeu finalmente o reconhecimento que é um país responsável economicamente. Em setembro a terceira grande agência internacional de risco, a Moody’s, deu esse reconhecimento.

Levou muitos anos para conseguirmos ser respeitados do ponto de vista da economia, afinal de contas, nós já tínhamos declarado moratória da dívida no final dos anos oitenta.

Foram necessários vinte anos para superarmos todas as desconfianças. Tivemos que estabilizar a economia, diminuir a dívida interna, aumentar as reservas internacionais, e, principalmente, o partido que sempre foi contra “tudo isso que está ai” assumir o governo e defender estas políticas econômicas. Seguimos um longo até chegarmos a este ponto. Mas a percepção positiva pode ser afetada por outra área, uma muito sensível internacionalmente.

Durante a década de setenta, o governo Geisel iniciou o programa nuclear que visava a construção de sete usinas para a geração de energia elétrica. Contudo, deu início também a um programa secreto para a construção de uma bomba nuclear. Este projeto percorreu os governos Figueiredo e Sarney, e só teve fim no governo Collor. E só foi no governo Fernando Henrique que assinamos o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) e passamos a ser vistos como não oferecendo mais riscos de proliferação nuclear.

Hoje em dia este tema voltou ao centro das atenções mundiais, como pudemos presenciar na Assembléia Geral das Nações Unidas (ONU) também em setembro. Aproveitando a presença dos principais líderes mundiais em Nova York, sede da ONU, houve uma reunião do Conselho de Segurança, que, por unanimidade, aprovou uma resolução contra a proliferação nuclear. Mesmo sem se referir a nenhum país, este documento tem como principal alvo o Irã que é suspeito de desenvolver um programa nuclear secreto para fins militares. Esse documento é considerado histórico porque recebeu apoio da China e da Rússia, aliados iranianos nesta questão.

Na busca de colocar o Irã em uma situação mais embaraçosa, logo no início da Cúpula do G-20em Pittsburgh os presidentes dos Estados Unidos, França e Grã-Bretanha, fizeram um comunicado sobre a existência de uma nova instalação iraniana de enriquecimento de urânio que não havia sido declarada. Criou-se com isso um impulso para esta iniciativa contra a proliferação nuclear. Contudo, duas autoridades brasileiras fizeram declarações que podem complicar a percepção internacional em relação ao Brasil.

Primeiro foi o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva que declarou que defende para o Irã o mesmo que para o Brasil. Neste momento, a questão iraniana é a preocupação central mundial, pois tem o potencial de levar a região do Golfo Pérsico a mais uma guerra, com conseqüências imprevisíveis, tanto do ponto de vista militar quanto econômico. Mas outra declaração pode ter piorado a situação brasileira.

No auge desta discussão sobre a nova instalação nuclear iraniana, que teria estrutura voltada somente para fins militares, o vice-presidente do Brasil, José Alencar, defendeu que o Brasil desenvolva uma bomba atômica. As justificativas apresentadas pelo político seriam que o artefato nuclear é um fator dissuasório e que daria maior respeitabilidade ao país. Como se não bastasse, ele ainda defendeu a necessidade que haja um aumento do orçamento militar e que este tenha uma vinculação ao PIB (Produto Interno Bruto), que seria entre 3% e 5%. Aos ouvidos de um analista de inteligência essas declarações podem ser consideradas, neste momento, como a vontade do Brasil em se tornar mesmo uma potência militar.

O timing destas declarações foram as piores possíveis. Agora é esperar pra ver se a imagem brasileira não foi prejudicada. Com antigas e persistentes desconfianças em relação ao projeto nuclear brasileiro, é torcer para que os governos dos países desenvolvidos já tenham se acostumado com declarações pouco pensadas das autoridades deste nosso governo, e não achem que sejamos irresponsáveis militarmente, e estejamos apoiando a proliferação nuclear.
Fonte:Gunther Rudzit

Uma carga pesada demais - 06/10/2009
O alto custo da infra-estrutura no Brasil, associado ao favorecimento do câmbio para as importações e à tributação dos bens de capital, fez com que o saldo da balança comercial do setor de bens de capital sob encomenda desmoronasse de superávit de US$ 170,7 milhões entre janeiro e agosto do ano passado, para um déficit de US$ 1,113 bilhão nos oito primeiros meses de 2009.

O segmento é responsável pela produção de equipamentos pesados para obras de infra-estrutura e indústrias de base. A afirmação foi feita nesta quinta-feira pelo presidente da Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de base (Abdib), Paulo Godoy, após participar de um workshop na Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília.

"A combinação perversa é facilitar a comparação (com produtos do exterior, mais baratos) e importar bens de capital sob encomenda, contra um histórico de superávit comercial que o Brasil vinha tendo há alguns anos. Agora passamos a ter déficit. E déficit grande", reclamou Godoy.

Entre janeiro e agosto deste ano, as exportações de bens de capital sob encomenda somaram US$ 1,788 bilhão ante US$ 3,311,8 bilhões no mesmo período de 2008. Isso representa uma queda de 46,0%. Já as importações atingiram US$ 2,902 bilhões entre janeiro e agosto de 2009, contra US$ 3,141 bilhões no mesmo período do ano anterior - um resultado 7,6% abaixo do apurado no mesmo período de 2008.

Fonte:Monitor Mercantil

Nenhum comentário:

Postar um comentário