5 de out. de 2009

Medidas ineficazes

A exemplo de Fortaleza, a situação do trânsito nas principais cidades brasileiras está cada vez mais grave. A falta de adaptação urbana ao vertiginoso acréscimo no número de veículos é apontada como uma das principais causas do problema.

Especialistas preveem, segundo estudo ora divulgado pela Fundação Dom Cabral, o próximo início de um "estado de lentidão permanente" nas maiores capitais, como se um apagão de grandes proporções se perenizasse nas ruas e avenidas das metrópoles brasileiras.

Algumas das soluções já adotadas em cidades como São Paulo, entre elas o rodízio de carros em dias alternados da semana e o veto à entrada de ônibus fretados no Centro, têm sido de pouca valia na amenização do caos. Ocorre que mais de 20% das famílias paulistas possuem mais de um automóvel e usam essa tática para driblar o sistema de rodízio. A restrição feita ao tráfego de caminhões, apesar de no início fazer-se sentir favoravelmente, pela ausência de veículos pesados no perímetro central, logo deixou de surtir efeitos positivos pela multiplicação constante dos carros na maior metrópole do País.

Cogita-se agora sobre outra medida, que se afigura de pronto extremamente impopular: a cobrança do pedágio urbano para veículos que demandem as artérias mais movimentadas, sobretudo nos horários de pique. Alegam os defensores da medida que ela incentivaria a população a usar mais o transporte coletivo ao dirigir-se aos bairros centrais. Em Fortaleza, além da natural antipatia pela adoção de mais uma cobrança a defasar os rendimentos de seus habitantes, ainda existe o aspecto da rejeição ao ônibus por significativa parcela dos habitantes locais, não apenas em decorrência de um preconceito social, mas, sobretudo, por causa da evidente precariedade do sistema de transportes fortalezense.

O pedágio, em si, é visto com sérias restrições, até em casos no qual não parece tão fora de propósito ou incomum, como acontece em relação à ponte sobre o Rio Ceará.

Volta sempre à tona, quando se aborda o problema, a importância que a conclusão do metrô da Capital cearense (Metrofor) teria na locomoção de milhares de pessoas residentes em bairros mais afastados, sobretudo quando do pleno funcionamento das duas linhas previstas.

Grande parte dos que trabalham no Centro procede exatamente das áreas urbanas a serem favorecidas, espera-se que em futuro próximo, por esse novo e moderno meio de locomoção.

Na realidade, falta aos políticos e administradores das grandes cidades brasileiras a firmeza de impor medidas e realizações que permitam minorar, na prática, um dos mais angustiantes problemas dos grandes aglomerados demográficos do País.

Em São Paulo, cidade de notório poder econômico, evidentemente certo tipo de decisão pode ser tomada de maneira mais célere. Já em Fortaleza, o problema requer uma maior junção de forças e objetivos comuns, que não onere a população nem assuma a característica de soluções apenas emergenciais.

Fonte:Diário do Nordeste

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